Ruído residenciais na quarentena

Nos últimos meses fomos chamados a seguir a dica #fiqueemcasa, como uma das principais formas de lidar com a pandemia em curso no mundo. A adesão a esse movimento, ou seria melhor, imobilismo, mudou significativamente as atividades em nossas cidades e com isso o nosso ambiente sonoro urbano. A redução do volume de tráfego à metade, ou em alguns casos a um terço, amenizou o ruído do trânsito e nos permitiu ouvir outros sons, como o canto dos pássaros, antes incomuns nos grandes centros urbanos.


Assim como nós, os nossos vizinhos permaneceram em casa com suas famílias. E como nós, tiveram que adaptar seu cotidiano às novas tarefas domésticas, como o home office, o home school e até o home workout, afinal de contas quem não precisa de exercícios para passar por esse período de estresse e confinamento? Essas novas atividades caseiras promoveram novos barulhos na vizinhança. Quantos ciclistas ou corredores amadores passaram a pular-corda em casa? Quantas crianças correm entre os cômodos do apartamento tentando gastar energia, também confinada? Quantas cozinhas, antes inativas, passaram a ouvir o som de tampas e panelas?


A maioria das atividades humanas gera ruído, mas muitas vezes não percebemos. Quem já teve um recém-nascido em casa constatou o quanto o mundo e os vizinhos são barulhentos e, à medida que o bebê cresceu, a importância dos ruídos reduziu. A atenção dispensada a um som depende da expectativa e da motivação da pessoa. Alguns estudos destacam que eventos sonoros relevantes que contrastam com o contexto da nossa atenção focal, provavelmente resultam no acionamento automático dos mecanismos de atenção. Por exemplo, o barulho da cafeteira e dos telefones do escritório são menos percebidos durante o trabalho do que os sons das brincadeiras das crianças vizinhas, uma vez que aqueles ruídos são esperados enquanto as brincadeiras, a TV e as panelas não fazem parte do nosso contexto sonoro de trabalho.


O aumento da nossa percepção do ruído do vizinho não é resultado somente do inevitável aumento das atividades no apartamento ao lado. Nossa percepção também é influenciada pela redução do mascaramento gerado pelos ruídos urbanos e pela nossa predisposição a ouvi-los. Ou seja, além do aumento da intensidade da fonte sonora, temos um campo sonoro mais silencioso e um receptor mais sensível. Talvez uma forma de minimizar o nosso incômodo seja gerar um mascaramento com sons que nos agradem, mas sem incomodar os vizinhos. Nesse caso, que tal usar fones de ouvido? Enfim, nossa casa também é fonte de ruído para os nosso vizinhos, é tempo de colaborarmos uns com os outros.

3 Comments
  • Nilo Martins

    julho 29, 2020 at 11:48 pm Responder

    Boa noite,
    Há alguns dias conversei com a arquitetuta Cândida, e expus o problema que estava passando. Ela inclusive me indicou a vibranihil e agradeço a atenção que ela me deu no momento.
    Fiz um vídeo do problema que tive/tenho com o ar do vizinho, e nesse vídeo coloquei as medicações em Dbs, medidos por um app de celular, mostrando que a condensadora
    do ar não esta provocando apenas excesso de ruído externo, mas que a condensadora esta vibrando a parede do quarto que por sua vez transmite o ruído para o shaft do banheiro.
    Pelo formato que o shaft tem, ele amplifica o som da máquina.
    No vídeo coloquei uma planta e as informações do quão alto é o ruído.
    Meu interesse, primeiramente é expor a experiência para profissionais do ramo. Imagino que esse caso possa servir como um estudo de como um ar mal instalado pode provocar ruídos não desejáveis e vibrações, q nesse caso, está até pior que apenas o ruído aéreo.
    Segue o link do vídeo:

    https://youtu.be/jPySF06BZMU

    Se puderem fazer qualquer comentário a respeito ou quiserem entrar em contato estou a disposição.
    Att
    Ata Nilo Martins

  • Antônio Carlos das Chagas Alves

    agosto 27, 2020 at 2:21 pm Responder

    Excelente texto, time da Síntese.
    Antônio Carlos das Chagas Alves

    • sintes86_wp

      setembro 23, 2020 at 4:04 pm Responder

      Agradecemos!

Post a Comment